BIM – Tecnologia a serviço da competitividade

Ilha Pura

Ilha Pura

O AU2013 realizado em Las Vegas foi palco de diversas apresentações de projetos complexos e de grande porte realizados no exterior.

Muito do que se viu, impressionou não apenas pelas formas espetaculares que foram apresentadas, nem por se tratarem de obras de equipamentos esportivos da Olimpíadas de Londres 2010. Mas porque acima de tudo apresenta um ambiente global em busca de eficiencia e competitividade, onde a tecnologia é vista como forma de encurtar caminhos e reduzir incertezas.

Tudo isso somado acaba resultando no mais impressionante cenário do competitivo mundo das grandes construções: menor custo.

Já é sabido que o BIM pode auxiliar na redução de custos, pois a antecipação de problemas e a solução destes ainda na fase de projeto reduzem drásticamente incertezas além de permitir um planejamento com foco na produtividade e qualidade, e não mais em margens no orçamento para lidar com as ocorrencias não previstas. Orçamento de grandes obras são sempre complexos e muitas vezes podem determinar se a empresa terá lucro ou não dependendo da modalidade contratual. Mas vamos nos ater a apenas dois momentos do AU2013 onde ficou claro que a engenharia nacional precisa com urgencia se preparar para enfrentar as grandes empresas internacionais e essa preparação começa na área de projeto e planejamento, e inevitavelmente o BIM faz parte desse precesso.

Vamos primeiro pela apresentação realizada pela Mott MacDonald sobre a obra do estádio em Belfast, encravado numa área residencial, com muitas restrições de acesso, altura, barulho, enfim toda sorte de problemas extra canteiro de obras. O uso da tecnologia não apenas permitiu que se chegasse a uma solução estética devidamente consolidada com as necessidades técnicas e estruturais (Rhino+Grasshopper/Robot), mas também na análise de questões críticas como tempo de evacuação (Populous), logística e planejamento da obra (Navisworks/MS Project/Sincrho), comunicação com a comunidade através de imagens tridimensionais. Foi além a acabou por reduzir o tempo de projeto em cerca de 8 meses. Isso associado a um planejamento profundo, uma vez que todas as partes envolvidas (cliente, arquitetos, engenheiros, construtores, empreiteiros, população, governo) puderam participar de todo o processo de validando o projeto em todas as suas etapas.

mmdonald_casementpark

Isso além de garantir que a fabricação dos elementos de estrutura metálica seguissem medidas precisas de modelos tridimensionais perfeitamente coordenados. Vale destacar que a margem de imprevistos era de apenas 6%. O que poderia tornar a operação um grande prejuízo para empresa acabou por se transformar num caso de sucesso  garantindo um retorno não apenas financeiro, mas associando a imagem de empresa bem sucedida. A empresa reconhece um aumento na precisão geral dos orçamentos em mais de 70% com a tecnologia BIM.

O segundo momento do AU2013 foi relevante para a América do Sul. Graças ao apoio da Autodesk através do apoio do Sr Jimmy Scott (Director of Technical Sales Manager), Marcelo Landi (Country Manager Brazil) e Cristina Randazzo (Technical Sales Manager) foi possível relizar o primeiro BIM LATAM, reunindo empresas como Odebrecht Latinvest (Brasil), ICA (México), Figueiredo Ferraz (Brasil), ENREAR (Argentina), BUENAVENTURA INGENIEROS (Peru) e profissionais atuantes na área de AEC no Brasil, Argentina, Chile, México, Peru e Equador, que apresentaram casos e experiencias realizadas e tiveram a oportunidade de discutir sobre as barreiras para expansão na adoção da tecnologia e a importancia da troca de experiencias e eventualmente parcerias no setor. Dentre as experiencias apresentadas destacaram-se A Contier Arquitetura e o Projeto da Sede da Petrobrás em Santos e as novas tecnologias de engenharia para Revit desenvolvidas pela ICA INGENIARIA na área de detalhamento de peças complexas em pré-moldado de concreto.

Um dos pontos que chamou a atenção foi quando um dos representates declarou que a construção brasileira ainda trabalha com margens em seus orçamentos entre 15 a 20% o que é totalmente incompatível para enfrentar a concorrencia no mercado global. E o processo precisa melhorar rápido sob pena de o setor ficar de fora por falta de competitividade. Pois estamos falando de mais de 10% de diferença de preços somente na maregm de erro dos orçamentos.

Esg_3dA realidade das obras apresenta um grande número de problemas decorrentes de erros de projeto ou falta de compatibilidade entre as disciplinas. É comum ver equipes de obra paralisadas aguardando definição de projeto diante de probelmas de projeto ou mesmo o gasto com retrabalho. Isso sem contar com o acréscimo de profissionais na equipe de engenharia contratados para tentar minimizar os probemas acima listados. Vigas que inviabilizam escadas, shafts que não comportam todas as instalações, entreforro insuficiente para o que os projetos de instalações preveem, cruzamentos entre disciplinas não previstos, enfim uma gigantesca lista de problemas que somados custam bem mais do que paga nos projetos, muitas vezes 10 vezes mais. Ou problemas que impactam no prazo da obra comprometendo a intrincada engenharia financeira que justificou o inverstimento na obra.

Imagem1A questão também afeta diretamente a maneira como se realizam os projetos no Brasil, pois o que está sendo colocado em questão não é mais desenho e sim projeto e informação. O ambiente BIM não é um ambiente de desenho, ainda que sejam emitidos desenhos como referência, mas acima de tudo o foco é na qualidade e velocidade da informação gerada durante todo o processo. A informação precisa é mais importante que o desenho porque já existem projetos nos quais várias partes dele já não requerem mais desenhos técnicos para que a obra, ou pelo menos parte dela, seja realizada. O BIM oferece não apenas visualização, mas coordenação, planejamento, precisão e rapidez, além de permitir uma gestão e supervisão predial muito mais rápida e eficiente.

Algumas perguntas que merecem reflexão:
1- Por que os clientes ainda acham que vale a pena continuar num processo tão sujeito a falhas e imprecisões?
2- Será que 10 ou 15 % de economia não justificam o investimento?
3- Será que não está mais do que na hora de acabarmos com o “caro” jeitinho brasileiro de se construir?
Já existem profissionais e empresas ,em vários estados, capazes de atender ás novas necessidades e algumas universidades já estão dando os primeiros passos no BIM ( PUC-RJ, USP São Carlos, USP, UFBA, UFSC), diversas entidades já estão atuando para permitir a disseminação do uso da tecnologia (Sinduscon-SP e RJ, Sinaenco, ASBEA, ABNT), várias licitações públicas estão exigindo BIM, portanto o ambiente já está mais do que favorável.

E você? Por que sua empresa ainda não iniciou o processo de implantação? Você vai querer correr o risco de perder a sua fatia de mercado?

Leave a comment